Erguido em 1781, o Palácio Chiado foi cenário de bailes, banquetes e encontros entre aristocratas e bons vivants. Um espaço cheio de história, onde nasceram expressões como “à grande e à francesa”.
Hoje, renasce como um dos melhores restaurantes de Lisboa, combinando ambiente requintado e experiência gastronómica de excelência.
A 25 de Novembro, na posse de D. Francisco de Paula de Portugal e Castro, 8º Conde de Vimioso e 2º Marquês de Valença, o palácio
é reduzido a escombros por violento incêndio.
A 2 de Junho, Luís Rebelo de Quintela (? -1782), Juiz dos Feitos da Coroa e Fazenda da Casa da Suplicação e Desembargador dos Agravos do mesmo tribunal, adquire à Irmandade do Sacramento, da freguesia da Encarnação, os terrenos que ocupam a 1ª, a 2ª e parte da 3ª propriedade da Rua do Alecrim, assim como a parte da Cordoaria Nova e das Cavalariças da Casa Real sitas no interior da Cerca Fernandina, com 44,66 m de frente e 47,52 m de fundo, até à Rua do Tesouro (actual António Maria Cardoso), nas quais se acham as ruínas da moradia.
A 11 de Dezembro, nasce, no Palácio da Rua do Alecrim, o futuro 2º Barão de Quintela, também baptizado Joaquim Pedro de Quintela, 1.º Conde de Farrobo. Uma figura que apesar da relevância na vida política, social e cultural de Portugal, será para sempre lembrado pela sua faceta dos excessos e festins desmesurados. E intrinsecamente associado ao Pálacio nasce então a famosa expressão “farrobodó”.
Junot dá origem à expressão “à grande e à francesa”. Durante nove meses, tantos quantos dura a primeira invasão francesa, o General Junot (1771-1813) estabelece o Quartel-General, bem como a sua residência oficial no palácio quintela. Portugal acabou por ser devastado pelas tropas gaulesas, que aqui praticaram as maiores atrocidades. Mas Junot, indiferente às situações de penúria e de miséria provocadas pelos invasores também em Lisboa, instalou-se no Palácio Quintela, na Rua do Alecrim, com despudorada ostentação, vivendo à grande e à francesa.
Os Duques de Abrantes, Junot e Laure Permon, organizam festas e bailes no Palácio Quintela, de que se destaca, mercê do seu aparato, o de dia de Reis.
Ampliação significativa do palácio, dirigida pelo arquitecto Joannes Baptista Hilbrath. Colaboram no projecto o estucador Félix Salla, o decorador Giuseppe Cinatti (1808-1879) e os pintores António Manuel da Fonseca (1796-1890) e Cirilo Volkmar Machado (1748-1823). Remontará a este período a construção dos túneis que, alegadamente, conduzem ao Teatro de São Carlos e ao Cais do Sodré.
Em 1828, muito antes do airbnb, já se fazia negócio com o Palácio, sendo que parte era alugado ao Cônsul de França.
Decreto de D. Miguel, de 15 de Março, destitui Joaquim Pedro Quintela de todas as honras, privilégios e direitos, forçando-o a fugir para bordo de um navio inglês surto no Tejo para escapar à prisão. No palácio é hasteada a bandeira inglesa para evitar que seja assaltado pelos miguelistas. O Barão contribui para a causa de D. Pedro IV com um empréstimo de 30 mil libras esterlinas, razão pela qual D. Miguel decreta a sua saída de Lisboa no prazo de 24 horas. Vê-se compelido a vender todos os seus bens imobiliários a Lord William Russell, seu amigo, refugiando-se, sob o nome suposto de Mr. Smith, em casa de Diogo Carlos Duff, outro amigo inglês.
O 1º conde de Farrobo, Joaquim Pedro de Quintela falece, a 24 de Setembro, na sua residência da então Calçada do Alecrim e na sequência da falência do Quintela-Farrobo começa por ser alugado na sua totalidade, mas nunca perde a sua classe. De 1873 a 1874 funciona como Grémio Literário.
Em consequência do longo processo judicial, que dura três décadas e dita a derrocada do império da casa Quintela-Farrobo, o palácio da Calçada do Alecrim é vendido em hasta pública, tendo sido adquirido pelo capitalista e comendador Francisco Augusto Mendes Monteiro, que imigrou para o Brasil, onde casou com Ana Thereza Carolina de Carvalho, também ela emigrante do mesmo país, herdou dos pais uma grande fortuna familiar, construída pelo avô materno que tinha o monopólio do comércio dos cafés, pedras preciosas e dos transportes marítimos entre Brasil e Portugal.
Filho de Francisco Augusto Mendes Monteiro, António Augusto Carvalho Monteiro, o ilustre “Monteiro dos Milhões”, herdeiro de grande fortuna, cedo vem para Portugal com os pais. Casa com Perpetua Augusta Carvalho Monteiro, volta ao Brasil e regressa de vez em 1876. Instala-se no Palácio Quintela Farrobo, na Rua do Alecrim, 70, palácio que o pai Francisco Augusto tinha comprado aos herdeiros do Barão de Quintela e Conde Farrobo. Uma figura de cultura e excentricidade, teve das últimas grandes intervenções artísticas no Palácio. Talvez mais por ter mandando construir a admirável Quinta da Regaleira. Os seus pedidos ao arquiteto Italiano Luigi Manini eram vários e incríveis, sendo que ordenou que a porta do seu jazigo no Cemitério dos Prazeres, também ele recheado de simbologia, fosse aberta com a mesma chave que abria a Quinta da Regaleira e o seu Palácio em Lisboa, na Rua do Alecrim. António Augusto Carvalho Monteiro reúne no Palácio a sua biblioteca e valiosas coleções de Arte (pintura, escultura, iconografia, ourivesaria, relojoaria, etc.), de Ciências Naturais (entomologia, malacologia, ornitologia, herbário, etc.), etc. A sua coleção de lepidópteros, a 2ª mais extensa do mundo, é constituída por muitos milhares de espécies, algumas coletadas pelo próprio António Augusto Carvalho Monteiro, no Palácio. Já a coleção malacológica reunia cerca de 10.000 espécies. O herbário será considerado precioso e muito relevante a coleção de colibris.
O empedrado dos passeios que acompanham os imóveis de que AACM era proprietário, na cidade de Lisboa (de resto, tal como na Quinta da Regaleira), apresenta-se revestido, em toda a sua extensão, por uma teoria de hexalfas, em basalto, sobre fundo branco.
O Museu Instrumental Português é instalado no Palácio Quintela. O seu acervo é constituído por cerca de cinco centenas de instrumentos musicais. Os colectados por Alfredo Keil e os procedentes da colecção Lambertini (adquiridos por Carvalho Monteiro), aumentam significativamente a colecção pertencente ao dono da casa, assim como a diversos doadores e depositários. Caberia a Michel’Angelo Lambertini a direcção do Museu Instrumental Português até à sua aquisição pelo Conservatório Nacional, em 1931.
Consoante as partilhas do seu património, essa propriedade passa a pertencer a seu filho, Pedro Augusto de Carvalho Monteiro, e o Palácio Quintela, cujo valor matricial é de 630 contos, a sua filha, Maria de Melo de Carvalho Monteiro.
Maria da Nazaré Monteiro de Almeida casa com D. Sebastião José de Carvalho Daun e Lorena – 8º Marquês de Pombal (1903-1965), a 18 de Abril. Deste casamento nascem dois filhos, Francisco de Carvalho Daun e Lorena (1928-1929) e Manuel Sebastião de Almeida de Carvalho Daun e Lorena (1930).
Morre Maria de Melo Carvalho Monteiro, passando a propriedade do palácio para sua filha, Maria da Nazaré Monteiro de Almeida, então casada com o 8º Marquês de Pombal.
Manuel Sebastião de Almeida de Carvalho Daun e Lorena, bisneto de António Carvalho Monteiro e futuro 9º Marquês de Pombal, nasce e é baptizado no Palácio.
Findo o contrato de Augusto Ataíde, uma parte do Palácio Quintela é arrendada ao IADE. O Instituto de Arte e Decoração – Escola Internacional de Decoradores transfere-se da sua sede, na Rua das Flores, n. 77, 1º, para as novas instalações. Doravante, entre os professores e colaboradores do IADE contar-se-ão eminentes protagonistas e intervenientes no panorama das Artes-plásticas, em Portugal, tais como: Lima de Freitas, Manuel Lapa, Manuel Costa Martins, Manuel da Costa Cabral, Rafael Salinas Calado, Eduardo Nery, António Pedro, Egídio Álvaro, João Vieira, Keil do Amaral, Artur Rosa, Júlio Gil, Jorge Viana, Manuel Rio de Carvalho, António de Macedo, Fernando Garcia, Jorge Listopad, Artur Anselmo, Henrique Tavares e Castro, etc., assim como alguns designers internacionais da craveira de Bruno Munari, John David Bear, ou Claude Ternat, entre inúmeros outros.
O Palácio Quintela renasce pela mão de três sócios que viram no espaço uma oportunidade de negócio única, pretendendo desenvolver um conceito original e inédito para a capital. Foi um projecto desafiante e demorado pelas suas diversas condicionantes que, durante mais de um ano e meio, foi-se erguendo aos poucos, rodeado das parcerias certas.
A primeira prioridade foi o restauro das pinturas e vitrais, mantendo os traços originais e ser fiel ao passado histórico. Na arquitectura, Frederico Valsassina concebeu um projecto onde o clássico e o moderno se encontrassem em harmonia. Já a decoração do espaço foi feita pela arquitecta Catarina Cabral, que procurou peças sóbrias e intemporais que pudessem integrar o ambiente do Palácio sem se sobreporem à imponência dos seus detalhes e frescos.
Com a visão e originalidade de um coletivo de intelectuais, artistas, arquitetos, chefs, mixologistas e DJs, nasceu o renovado Palácio Chiado — um espaço onde o passado inspira o presente, e a tradição se funde com a modernidade.
Um Palácio vibrante, com um ambiente descontraído e sem formalidades, pronto para ser vivido e descoberto por todos.
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